Crise da rede privada do Rio Grande do Norte pode se agravar em setembro e as escolas da educação Infantil pode ser a mais atingida, diz presidente do Sindicato de Escolas Particulares. Secretaria Estadual de Educação estima que vai fechar o 2020 com mais de 216 mil alunos matriculados; aulas presenciais seguem suspensas até o dia 18 de setembro
Durante a pandemia, a rede estadual de ensino recebeu mais de 8 mil novos alunos, segundo dados preliminares da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC). Em março, estavam matriculados 208 mil alunos e agora são 216 mil. A expectativa da pasta era de encerrar o ano com 210 mil alunos matriculados.
Segundo a Secretaria Estadual de Educação, o aumento expressivo de matrículas pode estar relacionado com a saída de estudantes da rede privada de ensino. A crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus fez com as famílias tivessem perdas expressivas da renda mensal.
Um dos fatores foi o crescimento da taxa de desocupação entre os potiguares. O índice chegou a 13,8% em junho passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa corresponde a 190 mil pessoas em busca de trabalho no mês. Em maio, a taxa estava em 12,3%, o que representava 173 mil pessoas no estado.
Além disso, o número de pedidos de seguro-desemprego no Rio Grande do Norte chegou a 47,6 mil no acumulado de 2020, entre janeiro e os primeiros 15 dias julho, segundo dados do Ministério da Economia. O número representa alta de 1,57% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, as perspectivas para o setor da educação privada potiguar não são nada animadoras. A partir do mês de setembro, a crise aumentará ainda mais nas escolas privadas, segundo Alexandre Marinho, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Rio Grande do Norte.
“O maior número de cancelamentos está na educação enfantil. As escolas terão que realizar demissões, pois com poucos alunos nesse setor, serão reduzidas as turmas. Em consequência, professores não terão como completar sua carga horária”, explica ele. Atualmente, o Sindicato apura o número de escolas que fecharam e de cancelamentos de matrículas da rede de ensino privada.
Sobre a retomada de aulas presenciais, que seguem suspensas até o dia 18 de setembro, o presidente disse que as escolas realizarão o ensino híbrido, podendo revezar entre aulas online e remotas. Também é possível que as famílias escolham que seus filhos fiquem nesse período de aulas em casa.
“Mesma coisa que está acontecendo em Manaus e no Maranhão. Outros estados voltarão entre o final de agosto e em meados de setembro”, compara.
“As escolas é que terão um trabalho a mais. Elas estão dando opção aos pais de escolherem, a modalidade presencial ou remota, como vem sendo atualmente. É um direito de escolha das famílias. Muitas estão trabalhando e não tem onde deixar os filhos, com as escolas fechadas”, disse o presidente do Sindicato.
Aulas suspensas seguem suspensas até 18 de setembro
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, reforçou o novo decreto que prorroga o reinício das aulas presenciais até 18 de setembro. “O adiamento desse reinício atende recomendações do Comitê Científico de assessoramento ao Governo. Mesmo registrando quadro de melhora na pandemia, com redução de mortes e casos confirmados, os especialistas entendem que as condições sanitárias existentes não são favoráveis ao retorno de aulas presenciais”, argumentou. Ela informou ainda que na próxima semana o Comitê Setorial da Educação se reunirá com representantes das escolas públicas e particulares e com o Comitê Científico.
O secretário da Educação, Getúlio Marques, disse que a retomada das aulas presenciais precisa levar em conta os deslocamentos de alunos, pais e profissionais da educação e não apenas a preparação das escolas com a adoção das medidas protetivas. “Precisamos respeitar o direito à vida que é inalienável. O adiamento foi decidido após ouvir o Comitê Científico de Especialistas e o Comitê Setorial da Educação que é formado por 15 entidades, inclusive estudantes e representantes das escolas particulares. Reunimos-nos e constatamos que ainda não há condições adequadas para retorno às aulas presenciais”, afirmou.
O secretário estadual de Educação, Getúlio Marques, diz que a Pasta acompanha as condições de segurança nas escolas e nos deslocamentos da comunidade escolar. Segundo ele, apenas um parte das escolas particulares no Rio Grande do Norte reúne as condições sanitárias exigidas para a volta das aulas em segurança.
As aulas presenciais estão suspensas no Rio Grande do Norte desde o dia 18 de março. Ao longo dos meses, novos decretos prorrogaram esta suspensão. Ele disse ainda que um levantamento feito pelas escolas aponta que 70% das famílias não querem o retorno das aulas presencias por enquanto.
A preocupação do secretário Getúlio Marques não é apenas com a possível contaminação de alunos nas escolas, mas do risco que isso representa no deslocamento de crianças e adolescentes entre a residência e unidade escolar. “Não é só a escola estar bem preparada. Esse aluno pode se infectar no caminho para a escola. Hoje os transportes não estão dentro dos protocolos. Registram aglomeração. Mesmo com escolas preparadas, os estudantes poderiam se infectar no deslocamento”, disse.
Como mostrou o Agora RN no dia 23 de julho, a volta às aulas presenciais no Rio Grande do Norte representa potencial risco para 212 mil potiguares, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O grupo é formado por idosos e os adultos com problemas crônicos de saúde que convivem diariamente com crianças e adolescentes em idade escolar (4 aos 17 anos).
De acordo com Fiocruz, a partir de um boletim sobre a retomada das atividades educacionais, a volta às aulas só poderá acontecer com a transmissão da Covid-19 controlada. A rede hospitalar deve ter disponibilidade de pelo menos 30% de leitos disponíveis, bem como apresentar diminuição constante do número de hospitalizações e internações em UTI de casos confirmados e prováveis pelo menos nas últimas duas semanas.
Fonte: Agora RN
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