Pazuello volta a negar: ‘Bolsonaro não me obrigou a tomar decisões’; veja resumo da CPI nesta quinta

 

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A CPI da Pandemia retomou nesta quinta-feira (20) o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello – assista ao vivo acima.

A CPI votaria uma série de requerimentos na abertura da sessão, mas o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), propôs que os pedidos sejam analisados na próxima semana, o que foi aprovado por unanimidade.

Resumo da CPI da Pandemia:

Manaus: ‘Foram tomadas todas as ações que podiam ser tomadas naquele momento’

Ao ser questionado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) sobre sua atuação diante da crise em Manaus, Pazuello afirmou que “foram tomadas todas as ações que podiam ser tomadas naquele momento”.

“Sofri muito em Manaus. Perdi parentes e amigos. Seria absurdo dizer que isso não me afeta. Claro que existem limites, mas foram tomadas todas as ações que poderiam ser tomadas naquele momento”, disse o ex-ministro.

“As pessoas que trabalhavam com a gente e estavam lá foram sendo contaminadas. Isso é muito sério. Minha família estava em Manaus e estavam todos com medo. Eu olho para Manaus todos os dias.”

Ex-ministro fala sobre negociações com Pfizer e Butantan

Em seus questionamentos a Pazuello, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), focou nos contratos de vacina negociados pelo Ministério da Saúde.

Ele negou que tenha deixado de responder às propostas feitas pela farmacêutica norte-americana Pfizer e voltou a dizer que, tão logo foi aprovada a Medida Provisória com as condições jurídicas, o contrato com a empresa foi assinado.

Já sobre a Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, o ex-ministro afirmou que o presidente nunca falou com ele pessoalmente para não comprar o imunizante.

“[Não foi comprado antes] porque não havia MP que permitisse. Nós fizemos a carta de intenção para o Butantan no dia 17 de outubro, que é a carta que vale. A próxima medida é o contrato, que só é possível com a Medida Provisória, sancionada e publicada no dia 6 de janeiro”, disse.

“A outra vacina [da AstraZeneca] foi diferente. Foi encomenda tecnológica e só foi distribuída com registro. Não fizemos encomenda tecnológica com o Butantan pela simples razão que ele já dominava a tecnologia. Tinha que ser por compra”, completou.

Já ao ser perguntado porque no painel de informações do novo coronavírus do Ministério os dados sobre os pacientes recuperados da doença aparecem com mais destaque que o número de mortos, Pazuello disse que é uma forma de “dar clareza que 97% de pessoas salvas é importante”.

Senador diz que governadores defenderam uso de cloroquina

Em seu tempo de questionamento ao ex-ministro da Saúde, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou uma série de vídeos de 2020, nos primeiros meses da pandemia, em que governadores defendem o direito de médicos e pacientes optarem pelo uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.

“[Falaram no vídeo] o governador do Maranhão, do Pará, do Piauí, da Bahia, do Ceará, Alagoas, e o de São Paulo (…) Fazendo um registro aqui de que não estou expondo os governadores para os condenar, porque acho que agiram com acerto”, disse o parlamentar.

App TrateCov teria sido hackeado

Questionado sobre o aplicativo TrateCov, que recomendava o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, foi hackeado e, por isso, apresentava resultados diferentes do esperado. Ele disse ainda que a ideia original do Ministério da Saúde era oferecer uma ferramenta que auxiliasse os médicos a fazerem um diagnóstico mais rápido de casos de Covid-19.

“No dia 6 de janeiro a secretaria Mayra [Pinheiros], quando voltou de Manaus, trouxe a sugestão de fazermos uma plataforma, uma calculadora, que facilitasse o diagnóstico (…) Temos que separar o que foi feito, o resultado, com a ideia do projeto. A ideia era uma calculadora que facilite o diagnóstico”, disse o ex-ministro.

O ex-ministro afirmou que a ideia era, após os médicos colocarem sintomas observados no aplicativo – dando pesos para cada um deles – receber uma sugestão de diagnóstico. Ele disse, porém, que depois da apresentação o TrateCov foi hackeado e teve seus parâmetros alterados.

“Naquele dia [10 de janeiro] a plataforma foi hackeada, roubada por um cidadão, que foi descoberto. Ele alterou dados lá dentro e colocou na rede pública. Quem colocou foi ele, tem todo o Boletim de Ocorrência e vou disponibilizar aos senhores”, detalhou.

“Quando descobrimos que ele foi hackeado mandei tirar do ar imediatamente. O TrateCov, no fim das contas, nunca foi utilizado por médico algum. Ele foi retirado. Ele foi iniciado, apresentado ainda não concluso.”

Amazonas não acompanhou estoque de oxigênio, diz Pazuello

Sobre a crise no fornecimento de oxigênio aos hospitais do Amazonas, Pazuello disse considerar que os principais responsáveis neste caso são a empresa White Martins, principal fornecedora do estado, e a secretaria de Saúde, que não acompanhou os estoques do insumo.

“Fica claro para mim que a preocupação com o acompanhamento do oxigênio não era um foco da secretaria de saúde do estado do Amazonas, isso lá em dezembro. Ficou focada em outras coisas… No plano de contingência apresentado para nós não havia nenhuma medida sobre oxigênio”, disse Pazuello.

“Então, a empresa White Martins – que é a grande fornecedora – já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara desde o início. Começa aí a primeira posição de responsabilidade. O contraponto é o acompanhamento da secretaria de Saúde, que não fez”, completou.

Senador diz que assessora parlamentar vazou documentos da CPI

Em questão de ordem antes do início da sessão, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) afirmou que uma assessora parlamentar vazou documentos internos da comissão e pediu que o caso seja investigado pela Polícia Federal.

“Desde o dia 18 de maio foram registrados alguns documentos dessa CPI saindo já, sendo vazados na imprensa. Inclusive, nós já identificamos – eu peço reservas em relação ao nome, para não expor a pessoa –, foi uma assessora parlamentar que estava aqui”, afirmou o parlamentar.

“Queria pedir apuração da Polícia Federal em relação a isso porque documento é algo muito sério”, completou.

Girão disse que encaminharia ao presidente da CPI as informações sobre o caso e o pedido oficial de encaminhamento da investigação.

Primeiro dia de depoimento

Depois de mais de sete horas de questionamentos na quarta-feira, a reunião foi suspensa devido às votações no Plenário do Senado. De acordo com o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), 24 senadores ainda estão inscritos para fazer perguntas ao ex-ministro.

Na avaliação do presidente da CPI, Pazuello se esquivou de algumas perguntas, mas terá mais cinco ou seis horas na frente dos senadores. Omar opinou não ver necessidade de quebrar os sigilos do ex-ministro, como pedido pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Randolfe e o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmaram que Pazuello mentiu várias vezes aos senadores, além de omitir informações.

Para Randolfe, as contradições do depoimento mostram que Pazuello terá de ser acareado com outros depoentes da CPI. Para Renan, Pazuello estava “fingindo responder” e negou as próprias declarações que fez anteriormente.

Com a continuidade do depoimento de Pazuello, a oitiva com Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, antes prevista para esta quinta, foi adiada para a terça-feira (25).

CNN Brasil

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