RN está entre estados que terão menor custo para produção de hidrogênio verde

 

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Resultados preliminares de um estudo divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) apontam o Rio Grande do Norte, a Bahia e o Ceará como estados que potencialmente terão, no Brasil, o menor custo de produção de hidrogênio verde – o chamado “combustível do futuro”.

“Dependendo do modelo de negócio adotado, o custo de produção no país é estimado entre 2 e 7 dólares por quilo de hidrogênio (produção em grandes escalas), enquanto na Europa, em razão de fatores como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o preço do gás natural e a alta demanda, o valor pode superar atualmente 10 euros, dependendo da aplicação e da região (aproximadamente 10,76 dólares, considerando a cotação da moeda nesta sexta-feira)”, disse o pesquisador do ISI-ER, Raniere Rodrigues.

“Os estados do Nordeste do Brasil aparecem como as regiões mais promissoras nesse contexto, por custo e disponibilidade de áreas, mas uma coisa que vai influenciar bastante vai ser a infraestrutura de energia disponível, e a localização do mercado consumidor, quem a gente vai atender. Isso vai ser estratégico”, acrescentou.

Os dados que mostram onde e qual seria o possível custo de produção de hidrogênio até 2050 no país fazem parte de um estudo que está em desenvolvimento no Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, em parceria com a agência alemã de cooperação internacional GIZ e a consultoria Niras. O trabalho deve ser concluído ainda neste semestre. “Custo e localização”, disse Rodrigues, “são as grandes perguntas da indústria”.

As conclusões preliminares dos pesquisadores sobre o tema foram apresentadas por ele no Fórum Internacional de Hidrogênio Renovável, H2Tech, encerrado na sexta-feira (24), na Casa da Indústria. O evento reuniu especialistas do Brasil e da Alemanha em Natal, durante dois dias, e foi promovido pelo Instituto SENAI como parte da programação em alusão aos 70 anos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), entidade que encabeça o Sistema Fiern, também composto por Senai, Sesi e IEL no estado.

VANTAGENS. O diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello, explica que a força do Nordeste como produtor de energias renováveis traz vantagens à região, entre outros pontos, justamente pela importância dessa energia no processo de produção do hidrogênio pela chamada eletrólise, um processo físico-químico que utiliza a energia de fontes renováveis como eólica e solar.

“A produção de hidrogênio verde, necessariamente, é consequente do uso da rota da eletrólise, que é um processo que utiliza muita energia. E, para esse fim específico, essa energia deve ser renovável”, diz Mello, ressaltando que RN, Bahia e Ceará são os maiores produtores de energia eólica do país, com oferta abundante de matéria-prima, portanto, para atender a indústria do hidrogênio.

A perspectiva, acrescenta, é que os custos das energias renováveis no Brasil, já em queda, continuem caindo e abram caminho para preços extremamente competitivos para o hidrogênio verde na região. “Mas quando nós pensamos que precisamos achatar o preço de um produto para que ele tenha competitividade, precisamos necessariamente ter evoluções tecnológicas, incrementar a escala de produção e ter um balanço onde todos os fatores que influenciam de forma positiva essa produção estejam em um grau adequado de superioridade aos fatores que dificultam essa produção”, pontua ainda o diretor do ISI-ER.

ÁREAS. A palestra em que foram apresentados os dados preliminares do estudo, intitulada “Estratégias locacionais para prospecção de áreas e desenvolvimento de plantas de produção de H2V”, mostrou fatores que influenciam a seleção de áreas para instalação de plantas de hidrogênio e a primeira visão de onde estariam esses possíveis locais, relacionando essa possibilidade com o custo de produção do insumo.

“As expectativas em todos os estudos são de que esse hidrogênio poderia chegar a custar, em 2050, até US$ 0,50 por cada quilo, considerando aqui uma escala de produção grande, uma geração centralizada em cenário em que o custo da energia continue caindo”, observa o pesquisador do ISI-ER, Raniere Rodrigues.

“Chegar a casa dos centavos depende de dois fatores principais: melhorar custos de investimentos em equipamentos destinados à eletrólise (processo químico utilizado em uma das rotas de produção de hidrogênio mais difundidas, em que a energia utilizada é eólica ou solar) e melhorar o preço da energia elétrica – o custo do Megawatt (MW) precisa ficar mais barato. Os custos de investimentos em eólica e solar precisa reduzir”, acrescentou o pesquisador.

A posição do Nordeste como região brasileira que mais produz energia eólica em terra e uma das maiores produtoras de energia solar, além do potencial gigantesco identificado para os próximos anos com a geração de energias renováveis no offshore (no mar), aliados à redução nos custos de produção de eólica e solar nos últimos anos, projetam não só a região, mas o Brasil entre os maiores fornecedores de energia para o mundo, no futuro, segundo Rodrigues.

Custos de produção de energia eólica e solar, observou o pesquisador, caíram em torno de 40% nos últimos 10 anos e a expectativa é que baixem em média mais 30% até 2050. “Se isso se concretizar de fato vamos chegar a 0,50 cents de dólar por quilo para o hidrogênio”, complementou, explicando que os valores associados ao hidrogênio “serão infinitamente influenciados pela potência da planta de hidrogênio, a quantidade de hidrogênio produzido, e, geograficamente, pelos custos de investimento em energia eólica e solar”.

Agora RN


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