Mais de duas mil pessoas estão à espera de cadeiras de rodas no RN

 


“Olá, me chamo Cláudio Rianderson e tenho 7 aninhos”. É assim que começa a campanha beneficente feita para ajudar na compra de uma cadeira de rodas para uma criança do interior do Estado. Sua mãe, Isabel da Silva, solicitou o equipamento há quase 10 dias no Centro Estadual de Reabilitação e Atenção Ambulatorial Especializada (CERAE), antigo CRI, mas não obteve nenhuma perspectiva de retorno, apenas relatos de que a espera é grande demais. Eles se juntaram a uma fila de 2.393 pessoas à espera de cadeiras adaptadas no Rio Grande do Norte.

Isabel conta que solicitou a cadeira   sexta-feira (14), mas não foi avisada de prazos ou datas de recebimento nem quando deveria retornar ao centro. Ouviu apenas mais reclamações de outras mães de que o processo era demorado demais. “Não deram prazo nenhum. A única informação que eu fiquei sabendo das mãezinhas que também fazem acompanhamento foi que tem mãe que está esperando há muito tempo na fila. Tem pessoas que dependem só daquela cadeira normal, sem ser sob-medida, e que estão há muito anos só esperando”, conta.

Uma cadeira de rodas adaptada é fundamental para proporcionar maior qualidade de vida a Rianderson e alívio aos braços de sua mãe, que precisa carrega-lo toda vez que vai a uma consulta médica. “Eu carrego ele, uma bolsa de roupas e da comida dele, e outra bolsa cheia de exames. Às vezes, eu vou e volto com ele doente porque ele tem a imunidade baixa e fica bastante debilitado, mas não fala para dizer o que está sentindo”, relata.

Ela precisa de uma cadeira de rodas e outra de banho.  Essas são suas prioridades no momento, além de concluir os exames médicos e construir um lugar para os dois filhos. “É uma das coisas que eu estou batalhando muito. As minhas prioridades são as cadeiras, tanto a de rodas quanto a de banho”, comenta.

Como já foi desiludida no momento da solicitação, o ímpeto foi resolver o problema de alguma outra forma. Por isso, pensou na rifa, que ainda não tem data para acontecer já que ainda não arrecadou dinheiro suficiente. “Decidi quando cheguei em casa, não queria esperar só pelo CRI. Eu disse ‘mãe, vou fazer um rifa, qualquer coisa para conseguir a cadeira logo”, relembra.

Hoje, Rianderson vive em uma casa com mais sete pessoas no município de Lagoa de Velhos, 90km de Natal. Moram com ele, sua mãe, irmão, três primos e os avós. Como ele não anda, precisa tomar banho dentro de uma bacia e toda vez que precisa sair, é carregado no colo porque não cabe direito no carrinho de bebê que usava quando era mais novo.

Isabel descobriu os primeiros problemas de saúde do filho durante a gravidez. Desde então, os diagnósticos têm se acumulado. Autismo, atraso na coordenação motora, atraso neurológico, insuficiência renal, bexiga hipotônica, perda parcial da audição e perda parcial da visão são alguns dos diagnósticos que rodeiam a vida do menino. “Desde então vem aparecendo mais e mais problemas. Ele vem sendo acompanhado por vários médicos”, comenta.  

Mesmo com todas as dificuldades, a verdade é que Rianderson é um menino feliz, que gosta de brincar e não se deixa se abater por nenhum tipo de dor. “Ele é assim sorridente. Gosta de brincar, gosta de assistir bastante na televisão. Ele aprendeu a descer da rede sozinho, brinca com os guinezinhos. A gente faz tudo para não ver ele chorando”, descreve a mãe. Para ela, por mais que as dificuldades sejam muitas, o importante é continuar. O sonho é proporcionar mais conforto e bem estar  para os dois filhos.

Tribuna do Norte

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